21 de abril de 2009

inimigos públicos

Leitores, o Chuaah está preocupado.
Dia após dia, o cidadão comum é confrontado com situações que poriam à prova a paciência do mais Jobinano de nós.
Num mundo em que a loucura acontece, e incidentes como Columbine se repetem, sinto que a única barreira entre os habitantes desta cidade e surtos psicóticos é saber que um asilo de jeito é muito difícil de arranjar, e é coisa para custar uns bons milhares de euros.
Farto do silêncio opressor, este Blog vai nomear as instituições cujos métodos ou resultados são mais passíveis de causar danos irreversíveis na psique dos incautos que a elas recorrem.
‘Inimigo Público’ é um termo utilizado para designar indivíduos cujas acções são criminosas, e provocam danos graves à sociedade. O Chuaah vai nomear quais são, na sua opinião, os três maiores Inimigos Públicos:

1) EMEL. Os meus antepassados pagaram impostos para construir as estradas que pavimentam esta cidade. Eu pago impostos para as manter. Pago portagens para nelas circular. Pago a gasolina do meu carro, a revisão, o seguro, o selo, e dou moedas aos arrumadores toxicodependentes. Porque é que tenho de pagar para ter o meu carro parado na via pública? Não é óbvio que se tenho veículo próprio é porque tenciono circular com ele? E, circulando, tenho eventualmente de o estacionar em qualquer lado?
Estou farta de pagar pelo que é meu. Esta cidade é minha, é vossa, é de todos os que nela nasceram e viveram.
Se a EMEL roubasse discretamente, moderadamente, esporadicamente, se prestasse alguma espécie de serviço, ainda que inútil, a sua existência seria suportável. Mas pagar 10 euros por dia, 220 euros por mês, 2640 euros por ano, só para ter o carro parado na rua, só para que ele esteja ali, quieto, isso sim, é de enlouquecer (atenção, os preços referidos são aproximações calculadas com base nos preços das ‘raspadinhas’, notoriamente mais económicas que as ‘moedinhas’).
Se Almada Negreiros se tivesse deparado com uma empresa municipal como esta, que o obrigasse a pagar para estacionar o seu cavalo na via pública, poderíamos muito bem ter tido um manifesto anti-EMEL, e o pobre Dantas teria vivido mais feliz, e menos insultado.

2) C.Ú. (refiro-me, é claro, ao Cartão Único, perdoem a piada fácil). Esta invenção genial proporciona ao cidadão comum dias e dias de entretenimento nas Lojas do Cidadão pelo país fora. São múltiplas viagens, senhas, horas de espera, e cabelos arrancados, no mais exasperante dos desesperos.
Ora, acompanhe-me nas contas: um dia na Loja do Cidadão das Laranjeiras para tratar da emissão inicial; um dia para ir levantá-lo; um dia para alterar a morada; uma hora para ir resgatá-lo à Loja, graças ao esquecimento do funcionário (vide post Monday, bloody Monday); uma hora para tentar confirmar que quero, de facto, alterar a morada, o que é necessário fazer num prazo de um mês após a alteração inicial, se não volta tudo ao mesmo. Mas parece que, para fazer a tal confirmação é preciso levar, não apenas o novo ‘PIN de morada’, mas também o antigo, pelo que ainda me restam mais umas felizes incursões relacionadas com a burocracia do CÚ. Oh, happy days.

3) A.L., a minha cabeleireira. Trata-se talvez da maior fraude na história da estética em Portugal. Por ocasião do meu 24º aniversário, decidi ceder às pressões da dita cuja, que insistia comigo para fazer umas ‘luzes’ desde 2006.
Mil vezes amaldiçoei esse momento de fraqueza, em que paguei 90 euros para uma maníaca desgrenhada me salpicar o cabelo de auto-estradas loiro-platinadas, deixando-me com um penteado que a Cruela Deville consideraria excêntrico.
Luzes? Bem, holofotes…

E assim, caros leitores, considerem-se alertados para os principais perigos na nossa sociedade.
Ah, nesta categoria atribuo igualmente uma Menção Honrosa ao Consulado Russo em Lisboa.

3 comentários:

Anónimo disse...

Brilhante! Porque não envias para o "Público" ou "Diário de Notícias" para ser publicado na secção "cartas dos leitores"? É injusto esconder uma apreciação tão brilhante das loucuras com que nos confrontamos diariamente. M

Anónimo disse...

E para quando um post de sinal positivo apresentando a tua linda casinha? M

Miss Kin disse...

Leila, desde sempre que digo o mesmo sobre a EMEL, qual é a ideia? Qualquer dia pagas para respirar, já que nasceste...

Quanto ao cartão único, ñ percebo a pressa que a maioria tem em ter o seu, se agora quando for para se votar, vão ter todos que levar os cartões velhinhos porque ñ vão haver maquinetas para identificar o chip!
O meu BI acaba em 2011 e só por essa altura hei-de fazer o meu, com menos filas de certeza!

(muda de cabeleireira... O WIP trabalha muito bem!)